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Foto do escritorAline Matheus

O que é mentalidade de crescimento e como ela nos ajuda a aprender?

Atualizado: 6 de mai.

Todo mundo tem um conjunto de crenças e concepções sobre como é que se aprende, o que significa ser inteligente e como se pode avaliar o sucesso das pessoas. Diremos aqui que esse conjunto de crenças e concepções forma uma mentalidade - em inglês, diríamos que todos têm um mindset acerca desses temas. A importância de refletir sobre o assunto está no fato de que nossas mentalidades influenciam nosso comportamento, que, por sua vez, impacta os resultados que alcançamos em nossa vida.

A psicóloga americana Carol Dweck pesquisou, durante décadas, justamente as mentalidades sobre a aprendizagem, a inteligência e o sucesso. O que ela concluiu é que essas mentalidades podem ser basicamente de dois tipos: mentalidade fixa ou mentalidade de crescimento.

Aqueles que têm mentalidade fixa acreditam que a inteligência é um atributo pessoal fixo, que não pode ser substancialmente alterado. Essas pessoas acreditam - embora nem sempre o percebam claramente - que todos podem aprender coisas novas, mas não podem aumentar de forma importante sua capacidade geral.

A mentalidade fixa tem efeitos negativos óbvios sobre as pessoas que se creem incapazes numa determinada área: baixa motivação, falta de confiança, vergonha... E, claro, isso tende a gerar um círculo vicioso, já que essas pessoas evitam dirigir sua energia para tal área. Mas o que nem sempre se percebe é que a mentalidade fixa também tem efeitos negativos sobre aqueles que colhem repetidos sucessos num dado âmbito da vida. Essas pessoas buscam continuamente a confirmação de sua capacidade e, assim, tendem a evitar os desafios e a subestimar o poder do esforço. Frente a inevitáveis fracassos, são assaltados pela chamada "síndrome do impostor", que os leva a questionar se os sucessos pregressos foram merecidos.

As pessoas com mentalidade de crescimento, por outro lado, não associam seu valor ao sucesso, mas à sua capacidade de superar dificuldades ou, em outras palavras, à elasticidade de suas capacidades. Acreditam que é possível aumentar suas competência e seu nível de realização em qualquer área, mediante seu desejo e esforço pessoal, mesmo que o nível de habilidade inicial influencie parcialmente seu desempenho.

Das disciplinas escolares, a Matemática é uma das que mais padece da prevalência da mentalidade fixa. Frequentemente, os sucessos são "fixados", bem como os fracassos, por professores, por familiares ou pelas próprias crianças. É corrente a ideia de que "ou você dá para matemática ou não". E, como vimos, isso tende a produzir um círculo vicioso de confirmação: se alguém enfrenta uma dificuldade em certo momento, passa a acreditar que está no grupo "dos que não dão pra coisa". E, claro, nesse caso, para quê empreender esforços? Já os tidos como "bons alunos", os "inteligentes", que "dão para matemática" tendem a ficar reféns desse rótulo, receosos de um dia descobrirem que foi tudo um equívoco: era para terem sido classificados no outro grupo, o dos "não inteligentes". Com isso, tendem a ser pouco abertos a desafios e a mudanças de enfoque acerca da matemática.

Que fazer para sair dessa armadilha?

Em primeiro lugar, tomar consciência dessas mentalidades e refletir continuamente sobre as ideias são veiculadas na frente das crianças. As mentalidades são forjadas na vida social; as pessoas tendem a incorporar a mentalidade daqueles que estão a sua volta. Principalmente, as crianças incorporam a mentalidade dos adultos, principalmente professores e familiares. São inúmeros os estudos que mostram essas influências.

Uma dica para começar: não crie nem reforce qualquer estereótipo, nem mesmo os positivos. Faça elogios "de crescimento", não elogios "fixos". Em vez de "Uau! Você é muito inteligente!" tente "Uau! A forma como você resolveu esse problema me surpreendeu! Foi uma solução muito original!". A mesma coisa com as críticas. Em vez de "Você é muito desatento!", você pode dizer "Se você tivesse atentado para este detalhe, talvez tivesse conseguido um resultado melhor. Tente lembrar disso na próxima vez."

Vamos tentar? A mentalidade de crescimento pode se aplicar à própria mentalidade de crescimento: você pode aprender a desenvolvê-la.



Referência:

DWECK, Carol. Mindset: A nova psicologia do sucesso. Trad. S. Duarte. Objetiva, 2017.



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