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Foto do escritorAline Matheus

Tabuada: da "decoreba" ao pensamento matemático

A questão é velha, muito velha: é importante ou não que as crianças decorem a tabuada?

Mas a questão só é velha para quem já a debateu. Então, vale revisitar brevemente os argumentos a favor e contra essa memorização. De um lado, alguns professores defendem que a memorização dos fatos fundamentais da multiplicação é essencial para que os aprendizes tenham fluência durante a resolução de problemas. De outro lado, há professores que consideram a memorização da tabuada uma atividade tediosa, descontextualizada e carente de significado, constituindo um desestímulo à aprendizagem da matemática.

Quem tem razão? Os dois lados desse debate têm suas razões e precisamos aprofundar a discussão para escapar dessa falsa dicotomia.

Primeiramente, é importante distinguir a memorização que acontece "naturalmente" por meio de atividades contextualizadas e significativas da mera "decoreba" - termo pejorativo que indica justamente uma memorização sem sentido. A memorização é uma operação cognitiva de baixo nível taxonômico, mas que está na base das operações cognitivas mais complexas, como a análise, a argumentação, a resolução de problemas... Eu não poderia estar escrevendo este texto sem um acúmulo de informação memorizadas, nem você poderia lê-lo.

Então, a questão não é se é ou não importante decorar a tabuada. Para essa questão, a resposta é um sonoro "sim". Mas é preciso ultrapassar largamente as práticas de memorização descontextualizadas, sem compreensão, que pressionam as crianças para memorização rápida dos fatos fundamentais da multiplicação. As crianças devem, isso sim, ser expostas a diversas situações significativas envolvendo a tabuada, a fim de explorar seus padrões e memorizar seus resultados ao mesmo tempo que desenvolvem uma compreensão conceitual da multiplicação na resolução de problemas.

Bons jogos, desafios e problemas são formas excelentes de fazer isso. E, para ilustrar como o trabalho com a tabuada pode ficar interessante, compartilho aqui um vídeo da Jo Boaler, professora e pesquisadora da Universidade de Stanford (EUA), em que ela fala sobre conexões cerebrais e a decorrente importância de trabalhar a matemática de uma maneira visual. Se você não tem tempo para um vídeo agora, mas está está se perguntando o que conexões cerebrais e matemática visual tem a ver com tabuada, peço que observe com atenção o quadro a seguir, contendo as tabuadas até o 12. Você consegue descobrir alguns padrões visuais?

Que tal um pouco de cor?


O padrão acima, exibido pela Jo Boaler no vídeo, é apenas um dentre vários que você pode descobrir no quadro das multiplicações.

Você consegue entender o padrão exibido? Você enxerga algum outro padrão ou consegue fazer alguma outra descoberta matemática nesse quadro?

Experimente! Ao fazê-lo você estará explorando a tabuada de uma maneira completamente diferente da decoreba, exercitando o pensamento matemático sobre padrões multiplicativos.








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